domingo, 24 de outubro de 2010

Advento do som no cinema

"O Cantor de Jazz", filme de 1927 estrelando Al Jolson, foi um choque. A imagem aprende a falar. Ou melhor: a cantar sincronizadamente, ainda que "má le má".
Inúmeras eram as tentativas de se ter uma imagem falante. O cinema silencioso procurou, além das já conhecidas orquestras e pianistas (com ou sem partituras específicas), narradores para comentar a imagem e dubladores atrás das telas para copiar a fala dos atores projetados.
O som de "O Cantor de Jazz" é em vitaphone, um método de sincronização mecânico, onde o som gravado em disco reproduzia de acordo com a imagem. Não era um simples gramofone tocando, pois a película perde frames e o gramofone não tem como acompanhar essa perda. Ainda com o método de sincronização, era impossível obter um sincronismo perfeito.
"O Cantor de Jazz" de Alan Crossland, não foi o primeiro. Antes teve "Don Juan", que parece não ter feito tanto sucesso. Pelo menos não tanto "O Cantor de Jazz". O filme tem como estrela Al Jolson, famoso e cativante cantor da época, o que deve ter alavancado o filme para o sucesso, além de sua linguagem híbrida entre o sonoro e o silencioso: no filme persistem as cartelas, a atuação e as expressões típicas do cinema silencioso. Um grande auge do filme é quando Jolson faz uma grande brincadeira de muito significado: depois de cantar uma música lenta e romântica, diz que o espectador "não ouviu nada ainda", e canta e dança "Toot, Toot, Tootsie" com uma performance memorável. A gravação tem grande qualidade pra época, onde um microfone deveria captar tudo sem edição.



O vitaphone, por ser mecânico e em disco, tinha problemas de chiado e de sincronismo ainda. Porém a disputa por público e busca por sucesso econômico dos Estúdios tiveram grande importância na procura de novas tecnologias para o cinema sonoro, como o Movietone da 20th. Century de 1931, onde o som era óptico.


Claro que muitas dificuldades apareceram nessa época. A diversificação de tecnologias atrapalhava a formação do corpo técnico de som, que só pelo som/áudio ser um aspecto novo já acarretava em poucas pessoas com formação ou conhecimento técnico. Além disso, o tamanho e o peso do equipamento dificultava as gravações, junto com o ruído dos estúdios - acostumados em gravar vários filmes ao mesmo tempo. O arredor influencia e toma conta da filmagem através do som. Há também uma transformação da linguagem sonora, que vai se apurando. Além da própria atuação dos atores de cinema silencioso teria que ser diferente para não haver tanta dramaticidade e redundância; a edição de som torna-se possível apenas anos depois; o problema das salas de exibição compatíveis... Os dois vídeos abaixo, do filme Cantando na Chuva, exemplificam esses problemas:

Filmando o "Duelling Cavalier"
Exibição do "Duelling Cavalier"
(a incorporação desses vídeos está desativada.)