sexta-feira, 30 de abril de 2010

Controle do som no audiovisual

Quando o som no audiovisual sai do controle, tanto quanto na captação quanto na reprodução, podemos ter um técnico de som demitido. Um exemplo (quase) clássico de um erro foi um caso de dezembro de 2009, que o som do microfone de certo jornalista "vazou" e foi ao ar. Ou um exemplo simples, quando em uma captação de som para um filme um carro passa buzinando quando o ator fala uma frase.


Novamente trazendo a questão das características sonoras, os sons estão presentes e se difundem: um som não desejado pode atrapalhar outro que é desejado, não importa o direcionamento do microfone. Já na imagem, o enquadramento da câmera toma conta do recorte. Por isso o espaço acusticamente planejado de um estúdio e das mantas e tecidos  para captação de som direto.

A questão do controle no som direto e na pós-produção de som é importantíssima para o resultado final ficar bom, ou minimamente aceitável - visto que uma fala ininteligível (dentre muitas outras coisas relativas ao som) pode despertar o espectador, retirando-o do filme.

 O som deve ser captado o mais claro possível para chegar na pós e as ambiências e efeitos adicionados darem maior espacialização do lugar e terem sua intensidade controlada. É também na edição de som que os planos ganham sequência temporal, os cortes da montagem são ressaltados ou escondidos - tudo para dar impressão de uma unidade do filme ou vídeo, organizados em planos pela decupagem, gravados em uma sequência específica. E é também o controle da intensidade de volume, reverberação e outros efeitos que fazem a obra ter uma estrutura audiovisual - de acordo com a proposta estética da realização como um todo.

Esse controle não acontece no dia-a-dia. A linguagem audiovisual pede esse controle para que ocorra a imersão do espectador; e também não podemos 'mixar' o mundo.

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Wally do som



Murray Schafer, em seu livro A afinação do mundo, discorre:
"A paisagem sonora é qualquer campo de estudo acústico. Podemos referir-nos a uma composição musical, a um programa de rádio ou mesmo a um ambiente acústico como paisagens sonoras. Podemos isolar um ambiente acústico como um campo de estudo, do mesmo modo que podemos estudar as características de uma determinada paisagem. Todavia, formular uma impressão exata de uma paisagem sonora é mais difícil do que a de uma paisagem visual." (p. 23)

    No século XX, a quebra de paradigmas do pensamento ocidental nos traz a ideia de que o humano faz parte de seu meio, como receptor e como agente, assim como o meio faz parte do humano. As fronteiras da objetividade, à partir desse pensamento, são diluídas. O pensamento sobre a apreciação sonora e a atuação sobre a paisagem sonora também transforma-se. Não somos apenas ouvintes, mas também somos "sonoros" mesmo sem instrumentos musicais - o ouvinte também faz parte da paisagem sonora, podendo personalizá-la à seu gosto com fones de ouvido e mídias sonoras portáteis, e/ou  complemetando-a com sons despretensiosos de seu movimento, veículos, dentre outros.

   Pela própria natureza da difusão sonora, o espaço físico também age sobre o som: temos efeitos de reverberação próprios de cada local, por exemplo.
Em O ouvido pensante, Schafer relata um caso: John Cage quando entrou em uma câmara anecóica (projetada especialmente para 'não ser sonora') reportou ao engenheiro responsável que ouvia um som agudo e outro grave. O engenheiro respondeu que o agudo era seu sistema nervoso e o grave o seu sangue circulando. Conclusão: não há o silêncio absoluto.
   Alguns relatam, inclusive, que silêncio é um "som bem fraco". De acordo com essa linha de pensamento, temos que o silêncio como ausência de som não existe e, portanto, a paisagem sonora sempre está presente - por mais difícil de achá-la.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Pavilhão da Philips

Poème életronique 1958


http://www.youtube.com/watch?v=QBQsym_G82Q


Querer exibir o potencial dos produtos de uma empresa também pode render bons frutos.

sábado, 17 de abril de 2010

Som/Música - o significado lúdico da escuta

Como um violino é musical?
Como a paisagem sonora à nossa volta não pode ser?
O que caracteriza uma orquestra?
Por que uma banheira, uma panela de pressão, um patinho e borracha e uns cinco rádios não são uma orquestra?
O que define que um som tenha altura definida? O que é altura definida, sendo um objeto sonoro (considerado usualmente como não musical) capaz de reproduzir uma frequência principal de 1.286Hz?
Uma música feita somente com frequências puras é música?


Uma nova compreensão sonora da escuta veio à tona. Ainda não foi absorvida.
Uma música é feita pra ser agradável? Ou pode ser feita para evocar uma contestação ou pensamento? Ou até mesmo para quebrar alguma fronteira? Daí ela deixa de ser música?
A procura da aura do compositor e a afirmação de que não apreciamos a música corretamente são ideias conservadoras?
Por que temos que ter fórmulas matemáticas na música para que ela se torne especial a um ouvinte?

Performance e reprodução. Situação de escuta. Evento sonoro.
Audição como experiência cultural.
Isso é música para meus ouvidos.

Quando ficamos adultos esquecemos do aspecto lúdico de um helicóptero sobrevoando ou de um grilo cantando?


... será que havia crise do pensamento há 300 anos atrás?

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Primeira vibração





Finalmente um primeiro post.


Afastei do som por achar que estava ficando "surda" pelas condições cotidianas. Mas o interessante é que foram justamente minhas condições cotidianas de viver no centro de São Paulo que me chamou a atenção para parar e escutar o que estava acontecendo. O que antes eu não conseguia escutar acabou virando meu material de estudo.


Eu não escutava música com fone de ouvido me locomovendo pela cidade, de ônibus, metrô ou trem. Gostava de perceber como uma paisagem sonora mudava de uma forma muito difícil de descrever de um bairro para o outro, assim como o seu aspecto visual. Sim, também havia uma recomendação médica, já que eu trabalhava como editora de som e com fone de ouvido. Além de tudo, o movimento era sempre diferente. Tinha uma vivacidade - às vezes exagerada.


Como diria o John Cage, "o som de Mozart e Beethoven é sempre a mesma coisa, já o trânsito é sempre diferente", variando em intensidade, dinâmica, eventos, e mais.






fica aqui um primeiro pare, olhe, escute:


John Cage, about silence