terça-feira, 22 de março de 2011

Dia da mulher

Porque todo dia é dia da mulher :)


sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Cachorro e o grilo

(Dá um bom nome de livro de auto-ajuda, mas não é.)

No dia-a-dia urbano, muitas coisas passam por nós, e consequentemente seus sons. Pelo som ser baseado em partículas vibrantes, paisagem sonora acaba por dizer muito sobre o espaço que se está, o movimento, a sociedade.

Até mesmo em locais de grandes cidades onde a paisagem "verde" pode ter uma predominância razoável dentro de seu contexto, como o Parque do Flamengo ou em partes do Ibirapuera, pouco se "escuta" dessa imagem. O ruído de fundo da cidade, como desses casos, encobre certos sons pelo seu corpo e intensidade, e acaba tornando uma trilha sonora comum e cotidiana, imperceptível. O som cotidiano só se faz escutar quando parece fora de contexto, ou quando aparece deslocado dessa paisagem sonora que elegemos de ruído de fundo de acordo com o lugar que vivemos, com a sociedade e cultura que criamos.

Nessa semana, como qualquer normal faria, não me atentei para o entorno sonoro. Quando falava desses assuntos dos parágrafos anteriores, por coincidência um grilo começou a se manifestar em um nível tão alto quanto minha voz. Reparei que era o som mais 'natural' do dia. Depois em um segundo pensamento lembrei de um cachorro que passou arfando com todos os seus pulmões, próximo à sala da universidade. De terceira vez, com algum esforço, lembrei do barulho mais insistente do dia: dos carros da avenida movimentada ali perto, que persistia mesmo quando queria descansar os ouvidos. Alguns outros barulhos pontuais como de celulares, notebooks, cliques de mouse e teclados furiosos, pessoas conversando, resmungando, rindo, mas nada chamou tanta a atenção quanto o tal grilo e o cachorro.
Esses dois elementos pareciam tão deslocados do contexto. Sons "verdes", às vezes nem tão "verdes", dificilmente aparecem devido sua delicadeza. Quando se ouve uma árvore ao vento? Considerando o cotidiano urbano, maior parte dos sons parecem ser correspondentes a trabalho e deslocamento, apenas.
Se realmente temos a paisagem sonora como um reflexo da sociedade e cultura, seria interessante repensar a ecologia sonora urbana.

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Aspectos sistêmicos da arte interativa auditiva em esfera pública

ou Systemic aspects of auditory interactive art in the public sphere, como quiser.

Artigo da V!rus bem interessante.

Acionado o modo "rever coisas que passaram batido".


Siga AQUI para ver o artigo.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Retomada do blog - Bienal de Artes de São Paulo 2010

Percebe-se pelas datas das postagens o fim de ano conturbado. Gostaria de tentar compensar a falta, mas acredito que se prometesse tal coisa, seria uma promessa falsa.
Muito passou nesses meses, vou tentar ressuscitar algumas anotações, que parecem sempre tão sem noção quando se passa determinado tempo.

Na Bienal das Artes de São Paulo, percebeu-se que muitas obras tinham o som como uma parte de sua concepção. Algumas eram essencialmente audiovisuais, agindo diretamente no sentido (ou fruição, como preferirem), e outras o som atuava como um acompanhante.
Como resultado do uso sonoro ou audiovisual, ou da falta de determinação (quem sabe) do 'volume' apropriado para o espaço, ou até mesmo o desejo de determinados artistas em interferirem em todo o espaço de exposição, o lugar acabou tendo uma paisagem sonora própria, diferente da cotidiana mas igualmente intensa. O som de uma obra agia sobre a outra, modificando a intenção e o sentido da uma 'forma de arte' que nunca pensou em se encontrar com aquela outra. Até onde o idealizador pode prever o decorrer da obra? Aquela velha questão: a obra foi o que ele idealizou ou foi o sentido que atribuídos, distorcemos, modificamos? Querendo ou não, o som afeta sensações e portanto aquilo que vemos. Quando perceber que estamos ouvindo algo além de ver uma foto, gravura, quadro, algo essencialmente imagético?
A mais impactante pelo silêncio foi 'Beggars', de Kutlug Ataman (Turquia/Inglaterra, 1961, diz o catálogo oficial da Bienal). Ao entrar em uma sala, com paredes, a projeção de imagens de pedintes em preto e branco em cada uma das paredes, que cercam quem entra naquela sala escura e silenciosa. Pessoalmente, o preto e branco dá o mesmo caracter fantasmagórico dos filmes antigos, a ideia da efemeridade, incerteza, morte e sucessão de acontecimentos - que pode ser aplicada nessa realização visto que é de 1961. Alguns pedintes com maior desespero, outros mais lânguidos... e o silêncio que deixa a atmosfera de desconforto. Nada há pra ser dito ou ouvido. Certamente o impacto e o discurso político da obra não seria o mesmo se alguma ambiência fosse colocada.

Ainda me pergunto sobre o assobio na escada rolante, como se alguém estivesse ali assobiando alguma melodia. Olhava para todos os lados e ninguém. Na outra escada rolante a mesma coisa. O assobio, o cotidiano, o silêncio muitas vezes incômodo do elevador. Movidos por som, não ouvimos - apenas emitimos.

Um elemento que afeta outro no espaço, dando outros sentidos. Hoje em dia, às vezes é necessária alguma exposição barulhenta que faça você entender o que se passa.

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Ambientes sonoros interativos

O meu texto publicado na ABCiber desse ano:

Soundscape + Softspace - a questão sonora em Primal Source, de Usman Haque.

Próxima semana, estarei novamente no Rio - agora com tempo pra turismo!

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Notas sobre o som de Robert Bresson

Tradução do texto de 1975 do diretor de Pickpocket

Visão e audição


Para saber qual é o negócio do som (ou da imagem).
- O que é para o olho não deve ser duplicado com o que é para o ouvido.
- Se o olho está totalmente conquistado, não dê nada ou quase nada ao ouvido (e vice-versa, se o ouvido está inteiramente conquistado, não dê nada ao olho). Ninguém pode ser, ao mesmo tempo, inteiramente olho e inteiramente ouvido.
- Quando um som pode substituir uma imagem, corte a imagem ou a neutralilze. O ouvido vai mais em direção ao interior, o olho, em direção ao exterior.
- Um som nunca deve vir em ajuda à imagem, nem uma imagem, em ajuda a um som.
- Se o som é complemento obrigatório de uma imagem, dê preponderância ao som ou à imagem. Se iguais, eles prejudicam ou matam um ao outro, como se diz sobre as cores.
- Imagem e som não deveriam nem devem apoiar um ao outro, mas devem trabalhar em turnos em uma espécie de revezamento.
- O olho solicitado solitariamente faz o ouvido impaciente, o ouvido solicitado solitariamente faz o ouvido impaciente. Use essas impaciências. Poder do cinematógrafo que apela aos sentidos em modos governáveis. Contra a tática da velocidade, do ruído, aplique a tática da lentidão, do silêncio.


original aqui!

Inception e o som

"Inception" Sound for Film Profile from Michael Coleman on Vimeo.

Breve texto sobre som e imaginação na radionovela e radiodocumentário

No audiovisual, a associação entre imagem e som facilita a decodificação da mensagem, podendo ser explorada de forma criativa. Enquanto isso o som 'atiça' a imaginação, não dá a informação completa e faz como a literatura: o ouvinte ou leitor imaginam o próprio mundo que o meio está tratando, criando de acordo com o estímulo.


Essa frase do Arhneim já está colocada em outro post:

“A obra radiofônica, apesar de seu caráter abstrato e oculto, é capaz de criar um mundo próprio com o material sensível de que dispõe, atuando de maneira que não se necessite nenhum tipo de complemento visual”

A peça radiofônica tinha uma única chance de apresentação ao ouvinte. Hoje, a peça radiofônica dissemina-se pelos arquivos digitais e os downloads, podendo ser ouvidas a qualquer hora. Mas o ato de "voltar" o áudio compromete a fruição. Portanto, o caráter de "única chance" deve ser considerado. Além do mais, por nós ocidentais sermos estimulados principalmente pelo meio visual, encontramos várias distrações quando escutamos algo no rádio - faxina, conversa diária, leitura,  tendo na peça radiofônica uma trilha sonora de fundo. A narrativa radiofônica, ficcional ou documental, exige devida atenção do ouvinte para imersão, diferentemente dos programas musicais.

Os elementos para a criação do mundo próprio são vários: falas, músicas, 'silêncio', efeitos e 'ruídos'.
A linguagem radiofônica é o que o conjunto de elementos sonoros que se relacionam, produzindo estímulos sensoriais estéticos ou intelectuais, ou para criar imagens.

Não é imposto criar uma peça radiofônica somente pela fala e música, como em Repórter Esso. Hoje, todos os elementos sonoros devem ser trabalhados em conjunto dando um resultado diferenciado e mais detalhado do que os clássicos e clichês da década de 60. Na radionovela o som pode ser tratado de maneira mais apurada, não requerendo que os personagens falem tudo que fazem ou vão fazer. A linguagem pode ser desenvolvida através de outros elementos sonoros. No radiodocumentário, que se difere do radiojornalismo pelo aprofundamento e a diversificação de pontos de vista (documentações podem ser variadas, diversificadas e múltiplas, podendo incluir e desenvolver os dados que ficam fora da notícia), pode utilizar variados materiais: entrevistas, materiais de arquivo, narrações, músicas...

O humano tem tendência em atribuir mais importância à voz - o vococentrismo (Michel Chion) - porém todos os elementos sonoros interagindo traz uma maior imersão e detalhismo do espaço acústico da peça radiofônica, isso é possível de certificar pelos próprios clichês e estereótipos de radionovelas.


Outro aspecto importante a ser notado é a interação com o ouvinte, antes por telefone e cartas e hoje através de sites, twitter, facebook e outras redes sociais, além do clássico telefone. O rádio sempre pediu essa interatividade.

domingo, 24 de outubro de 2010

Vídeos sobre sound design (ou desenho de som)



Grande Walter Murch.

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Ben Burtt e Wall-E:
youtube 01

youtube 02

(incorporações desativadas)


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Ben Burtt e Guerra nas estrelas

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Making off básico, com "he is the best" essas coisas...

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Introdução bem básica com David Sonnenschein, na verdade é propaganda do livro dele. A Biblioteca Comunitária da UFSCar tem esse livro.

Advento do som no cinema

"O Cantor de Jazz", filme de 1927 estrelando Al Jolson, foi um choque. A imagem aprende a falar. Ou melhor: a cantar sincronizadamente, ainda que "má le má".
Inúmeras eram as tentativas de se ter uma imagem falante. O cinema silencioso procurou, além das já conhecidas orquestras e pianistas (com ou sem partituras específicas), narradores para comentar a imagem e dubladores atrás das telas para copiar a fala dos atores projetados.
O som de "O Cantor de Jazz" é em vitaphone, um método de sincronização mecânico, onde o som gravado em disco reproduzia de acordo com a imagem. Não era um simples gramofone tocando, pois a película perde frames e o gramofone não tem como acompanhar essa perda. Ainda com o método de sincronização, era impossível obter um sincronismo perfeito.
"O Cantor de Jazz" de Alan Crossland, não foi o primeiro. Antes teve "Don Juan", que parece não ter feito tanto sucesso. Pelo menos não tanto "O Cantor de Jazz". O filme tem como estrela Al Jolson, famoso e cativante cantor da época, o que deve ter alavancado o filme para o sucesso, além de sua linguagem híbrida entre o sonoro e o silencioso: no filme persistem as cartelas, a atuação e as expressões típicas do cinema silencioso. Um grande auge do filme é quando Jolson faz uma grande brincadeira de muito significado: depois de cantar uma música lenta e romântica, diz que o espectador "não ouviu nada ainda", e canta e dança "Toot, Toot, Tootsie" com uma performance memorável. A gravação tem grande qualidade pra época, onde um microfone deveria captar tudo sem edição.



O vitaphone, por ser mecânico e em disco, tinha problemas de chiado e de sincronismo ainda. Porém a disputa por público e busca por sucesso econômico dos Estúdios tiveram grande importância na procura de novas tecnologias para o cinema sonoro, como o Movietone da 20th. Century de 1931, onde o som era óptico.


Claro que muitas dificuldades apareceram nessa época. A diversificação de tecnologias atrapalhava a formação do corpo técnico de som, que só pelo som/áudio ser um aspecto novo já acarretava em poucas pessoas com formação ou conhecimento técnico. Além disso, o tamanho e o peso do equipamento dificultava as gravações, junto com o ruído dos estúdios - acostumados em gravar vários filmes ao mesmo tempo. O arredor influencia e toma conta da filmagem através do som. Há também uma transformação da linguagem sonora, que vai se apurando. Além da própria atuação dos atores de cinema silencioso teria que ser diferente para não haver tanta dramaticidade e redundância; a edição de som torna-se possível apenas anos depois; o problema das salas de exibição compatíveis... Os dois vídeos abaixo, do filme Cantando na Chuva, exemplificam esses problemas:

Filmando o "Duelling Cavalier"
Exibição do "Duelling Cavalier"
(a incorporação desses vídeos está desativada.)