quinta-feira, 2 de setembro de 2010

A Peça Radiofônica





Comecei a me interessar por rádio só no ano passado. Acho que não comecei antes principalmente por falta de incentivo e por falta de procurar coisas sobre o assunto. Acho ótimo ter conhecido um pouco mais esse universo, que abre tantas discussões e ideias.

Separei umas frases batutas sobre o assunto, que são pequenas mas dizem muito.

Brecht: "É preciso transformar o rádio, convertê-lo de aparelho de distribuição em aparelho de comunicação. O rádio seria o mais fabuloso meio de comunicação imaginável na vida pública, um fantástico sistema de canalização. Isto é, seria se não somente fosse capaz de emitir, como também de receber; portanto, se conseguisse não apenas se fazer escutar pelo ouvinte, mas também pôr-se em comunicação com ele. A radiodifusão deveria, consequentemente, afastar-se dos que a abastecem e constituir os ouvintes como abastecedores." (isso era na primeira metade do século XX! Tem um texto legal dele sobre o assunto aqui)

Arnheim: “A obra radiofônica, apesar de seu caráter abstrato e oculto, é capaz de criar um mundo próprio com o material sensível de que dispõe, atuando de maneira que não se necessite nenhum tipo de complemento visual”

Klaus Schöning: “A peça radiofônica pode ser muitas coisas. No conceito da peça radiofônica cabem muitos aspectos. A peça radiofônica funde os gêneros tradicionais. Nela se fundem: a literatura, a música, a arte dramática. A peça radiofônica pode ser: a realização acústica de texto e partitura. Mas também: a montagem de materiais acústicos originais (documentários): a literatura de fita magnética. Nela diluem-se: o lírico, o épico, o dramático. Nela fundem-se: fala, ruído, música. A peça radiofônica, como produto artístico autônomo e também desligável do meio de comunicação em que nasceu."

Giuliano Obici: "Fazendo um percurso histórico do papel social do rádio, podem-se assinalar claros momentos de mudança. Num primeiro, sua utilização esteve voltada para fins políticos e educativos; posteriormente, o vínculo com a  indústria fonográfica motivou a  linguagem  radiofônica a se voltar para o entretenimento.  Poderíamos delinear   ainda   um  terceiro  momento,   quando   o   rádio   é utilizado   como   estratégia   de  movimentos   de resistência, como se deu com as rádios piratas e as comunitárias, ou ainda um quarto, com a rede mundial de computadores."