sábado, 19 de junho de 2010

O sentido das reproduções sonoras



O advento dos equipamentos gravadores e reprodutores (a invenção do fonógrafo foi em 1877, que gravava e reproduzia) fez com que o espaço sonoro rompesse a barreira física instaurada entre fonte sonora e receptor. O espaço sensório humano aumenta, e as mídias formam suas próprias linguagens. Alguns 'formatos' se unem formando linguagens diferentes, como o audiovisual. Ganha-se o rádio, música gravada, televisão, cinema, instalações artísticas na paisagem sonora. Como defendido por McLuhan, os meios extendem o homem, não estamos mais bloqueados pela barreira física.


Apesar do contexto atual, parece ser ainda muito problemática a questão da reprodução para alguns. A questão da "perda da aura", levantada por Walter Benjamin, parece assombrar. Hoje, essa "perda da aura" para muitos significa somente "generalização", e pode revelar um pensamento contrário à difusão das obras. É o início da 'coisa diferente'.


Sem a reprodução, a educação estaria direcionada a poucos - do livro à internet. Sem a reprodução, estaríamos fechados "no nosso próprio mundinho", não enxergando outras culturas. Perderíamos coisas muitos boas e bonitas de se ver.


Gostamos de separar muito entre o "melhor" e o "pior". Assistir um show é melhor que ouvir um cd em casa.
Deve-se encarar como eventos diferentes. Uma pessoa pode ter um sem-número de aleatoriedades que darão como resultados não se sentir bem em um show. Porém pode se sentir melhor quando escuta um cd em casa. Há muitíssimos fatores que podem fazer da escuta da reprodução mais proveitosa. São coisas diferentes e não é o fato de pertencerem ao âmbito do "escutar música" que as tornam iguais.


Estamos numa época do sentir. Podemos sentir várias vezes, sentir diferente. Esquecer o sentir melhor ou pior.