sexta-feira, 28 de maio de 2010

Eureka

Um texto muito bom = muitas ideias novas a desenvolver.

Som, feedback e interação


http://www.garthpaine.com/papers/files/artistic-context-caiia03.pdf
Interactive, Responsive Sound Environments - A Broader Artistic Context

Dr Garth Paine
Music, technology and Innovation
De Montfort University UK

Abstract:

Interactive systems offer a unique method of engagement, based on a response – response exchange. They offer the promise of a truly immerses experience.
This paper will look at the development of artistic practice in the twentieth century, and it’s associated focus on individual expression. It will do so as a way of looking at the development of the interactive ideal.
In drawing a conceptual framework for interaction, it will also draw on the study of Cybernetics, particularly, the causal loop, drawing parallels between the interdependent nature of the causal loop, and the relationships developed in an interactive system.
Finally, I put forward a personal observation on how explicit the role of the technology should be in the users experience of engagement with the interactive system. This collection of musings represents an exploration of the many facets of interaction, especially within an interactive, immersive environment, with the view to establishing an interdisciplinary context for personal engagement and experience, and some conceptual starting points for thinking about interactive sound works beyond the confines of “music” per se.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Imaginary Landscape no. 5

Uma composição-recortes, em que o compositor entrega uma 'obra pronta' pra ser recortada por quem quiser, e tampouco precisa de músicos.


http://www.youtube.com/watch?v=C8b5epOonI8

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Encucações: interações com a paisagem sonora


A paisagem sonora (talvez descartando rádio, música entre outras coisas) parece ter um muro que impossibilita uma interação das pessoas com o ambiente através dela.
Há tempos penso sobre a questão de uma interação sonora: um grupo de pessoas interagindo e modificando o ambiente, que responde algo às pessoas, obtendo uma circularidade e feedback - com um olhar cibernético (essa questão vai ter que ficar para uma outra hora....)
O FILE 2009 não sai da minha cabeça, junto ao Primal Source do Usman Haque. O que eles têm em comum? O Festival de 2009 apresentou várias instalações que faziam as pessoas mudarem de comportamento, para agir sobre a obra. Esta por sua vez, respondia e estimulava uma nova acão das pessoas, estabelecendo um ciclo. Por exemplo o  Capacitive Body, dos alemães Andreas Muxel e Martin Hesselmeier.


O Capacitive Body era uns fios 'eletro luminescentes' que respondiam aos sons emitindo luz, que passeava pelos fios. Como o Festival foi realizado no SESI da Av. Paulista, em São Paulo, ele foi colocado estrategicamente na frente do prédio, separado da calçada e da rua por um vidro.
Os carros passavam e os fios acompanhavam o movimento sonoro. E as pessoas iam até lá, gritavam e batiam palmas esperando os fios responderem.

Outros, pro delírio das crianças e desespero dos monitores, faziam sons quando estimulados por alguém. Refiro-me especificamente a uma obra que infelizmente esqueci o nome e não consegui encontrar (ajuda?) mas era uma circunferência sensível ao toque das pessoas, que emitia sons, e podia-se até mesmo produzir uma música eletrônica.


Será que a interação com o espaço através dos sons encontra seu espaço lúdico só em instalações e obras de arte?
Será que não saímos do nosso cotidiano sonoro se não formos estimulados?
Como fazer alguma coisa fora da estrutura do que já foi feito?

terça-feira, 18 de maio de 2010

Sala de Audición

http://www.coleccionfb.com/sala_audicion.htm

Esse site tem como ouvir reproduções de vários tipos de fonografos, gramofones, vitrolas, etc.

Sim, há toda a problemática do "digital x analógico", "qualidade x formato de arquivo", "audição x gravação x reprodução" e tudo mais... mesmo assim vale a pena conferir.

Pesquisando arquiteturando

O processo de pesquisa até agora sobre o Primal Source, de Usman Haque, ainda está com amarras.

Pode-se culpar sempre o tempo, mas o problema não parece ser somente esse. Quem nunca teve a impressão de que tudo está na 'ponta da língua' e mesmo assim a dificuldade de passar para a escrita persiste com um gigantismo assustador?

Ah, tal oralidade....

http://vimeo.com/1378892

http://www.interactivearchitecture.org/primal-source-usman-haque.html

sábado, 8 de maio de 2010

Escutas - breve resumo introdutório

O som do cotidiano está repleto de riquezas. Utilizando a escuta reduzida consegue-se pensar mais em seus aspectos.

Michel Chion, em Audio-vision: sound on screen, discorre sobre os tipos de escuta citando Schaeffer:
- Escuta causal: quando descobrimos o que é a fonte sonora e de onde vem.
- Escuta semântica: relativa aos signos, da fala.
- Escuta reduzida: descobrir se um som é intenso ou não, tem corpo ou não, brilhante ou não, reverberado ou não, ácido, hostil, sóbrio, estridente, simbilante, estridulante...

A escuta reduzida dá características aos sons. E isso é uma tarefa muito difícil.
Por que o som do meu passo é diferente do seu? Por que o freezer tem um som diferente de um computador antigo?
Lembrando aqui que uma escuta não exclui a outra. Você pode perceber uma voz ardida, aguda e agonizante, que a TV da sala está reproduzindo, de uma atriz falando "Não  me deixe!".

Um exercício sempre é muito bem-vindo para praticar a escuta reduzida. Durante 30 segundos de seu dia, em qualquer lugar, perceba a mudança de texturas, de como o ambiente sonoro se arranja, imagine desenhos representativos para cada som.

Por que desenhos representativos? Estamos muito atrelados à imagem. É mais fácil desenhar como um som se comporta do que descrevê-lo com palavras. Semânticamente.

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Cinco dedos soberanos dificultam a respiracão

Marshall McLuhan - 1955







A cidade já não existe mais, salvo como espectro cultural para turistas. Qualquer botequim à beira da estrada, com seu aparelho de televisão, jornal e revista, é tão cosmopolita quanto Nova York ou Paris.
O camponês sempre foi um parasita suburbano. O agricultor já não existe; hoje, é um homem da “cidade”.
A metrópole, hoje em dia, é uma sala de aula; os anúncios são seus mestres. A sala de aula é uma obsoleta casa de reclusão, uma masmorra feudal.
A metrópole é obsoleta. Perguntem ao Exército.
A cobertura global instantânea do rádio e da televisão torna a forma citadina insignificante e despida de função. Outrora, as cidades estavam relacionadas com as realidades da produção e da intercomunicação. Agora não.
Até a escrita ser inventada, vivíamos no espaço acústico, onde os esquimós atualmente vivem: sem limites, sem direção, sem horizonte, a escuridão, a intuição primordial, o terror. A fala é um mapa social desse pântano sombrio.
A fala estrutura o abismo do espaço acústico e mental, ocultando a raça; é uma arquitetura cósmica e invisível das trevas humanas. Fala para que eu te veja.
A escrita lançava o projetor sobre a escura e alta montanha da fala; a escrita era a visualização do espaço acústico. Iluminava a escuridão.
Esses cinco reis levaram um rei à morte.
Uma pena de pato pôs fim à fala, aboliu o mistério, criou arquiteturas e cidades, gerou estradas e exércitos, burocracias. Foi a metáfora básica com que se iniciou o ciclo da civilização, o passo com que se saiu das trevas para entrar na luz da mente. A mão que encheu um papel construiu uma cidade.
A escrita a mão está nas paredes de celulóide de Hollywood; a Idade da Escrita passou. Temos de inventar uma nova metáfora, reestruturar os nossos pensamentos e sentimentos. As novas comunicações não são pontes entre o homem e a natureza: são a natureza.
A mecanização da escrita mecanizou a metáfora audiovisual em que toda a civilização assenta; criou a sala de aula e a educação das massas, a imprensa moderna e o telégrafo. Foi a linha de montagem original.
Gutenberg tornou toda a História simultânea: o livro transportável trouxe o mundo dos mortos para o espaço da biblioteca da um cavalheiro; o telégrafo trouxe o mundo inteiro dos vivos para a mesa do pequeno almoço do operário.
A fotografia foi a mecanização da pintura em perspectiva e do olho parado; derrubou as barreira do espaço nacionalista, vernáculo, criado pela impressão. A impressão alterou o equilíbrio da fala oral e escrita; a fotografia alterou o equilíbrio do ouvido e do olho.
Telefone, gramofone e rádio são as mecanizações do espaço acústico pós-letrado. O rádio leva-nos da volta às trevas da mente, às invasões de Marte e Orson Welles; mecaniza o poço de solidão que é o espaço acústico: o palpitar do coração humano aplicado a um sistema PA fornece um poço de solidão em que qualquer um pode afogar-se.
O cinema e a televisão completam o ciclo de mecanização do sensório humano. Com o ouvido onipresente e o olho móvel, abolimos a escrita, a metáfora audiovisual especializada que estabeleceu a mecânica da civilização ocidental.
Ao ultrapassarmos a escrita, recuperamos a nossa totalidade, não num plano nacional ou cultural, mas cósmico. Evocamos um homem supercivilizado, subprimitivo.
Ninguém conhece ainda a linguagem inerente à nova cultura tecnológica; somos todos cegos e surdos-mudos, em termos da nova situação. As nossas palavras e nossos pensamentos mais impressionantes atraiçoam-nos ao referirem-se ao nosso previamente existente, não ao atual.
Estamos de volta ao espaço acústico. Começamos de novo a estruturar os sentimentos e as emoções primordiais, de que 3000 anos de letras nos divorciaram.
As mãos não tem lágrimas para derramar.


Era uma vez uma estréia

Depois de um longo (porém apertado) processo, a estréia fica a algumas horas.
Fiz o som direto e a edição de som do Ocos!, direção do Pedro Garrafa. Se o som direto colocava vários 'sons atrás da orelha', a edição colocava uma paisagem sonora inteira!


A edição foi realizada da maneira mais rápida e eficiente o possível. Deixei para atrás alguns perfeccionismos, pois isso demandava tempo. Percebi depois que muitas coisas não eram 'perfeccionismos'.
O curta foi exibido no auditório do Centro Britânico no Brasil, em Pinheiros - bairro de São Paulo. Não houve tempo de eu conseguir algum outro estúdio para escutar o som, e isso me fez passar muita ansiedade. Ouvir o que se faz em outros lugares é sempre necessário, para que não ocorram surpresas.

Na estréia ocorreu tudo bem, com uma projeção em DVD. Alguns ruídos e alguns defeitos que não me agradavam na minha ilha de edição de som nem sequer deram as caras. Porém percebi que ainda tenho o mal da dinâmica de volumes - não pela falta, mas pelo excesso.

Em meu antigo emprego trabalhávamos mais com cinema, o que permite uma dinâmica de volumes maior. Creio também que pela minha formação eu procure essas camadas de intensidade, com o medo de criar uma imensa parede chapada de sons, mas ainda tenho que treinar a dinâmica para DVD.

Passei a automação de volume várias vezes, até que me lembrei do 'fator DVD'... decidi então ouvir tudo novamente com um volume de reprodução mais baixo, para aumentar a intensidade de algumas coisas e fechar mais essa perspectiva. Muitas coisas que eu fiz também invadiam a fronteira da mixagem, mas foi preciso - já que não haveria um processo posterior (mundo do baixo orçamento).

Não ficou do jeito que eu desejava. Mas acho que nunca fica.